FEVEREIRO DE BENÇÃOS

O Mês de fevereiro marcou minha vida, coincidência ou não, choros e risos estiveram presentes.

 Primeiro em 1997, com dor e sofrimento, mas foi quando Deus me deu uma nova oportunidade de viver.

Eu era um drogado.

Depois de passar o carnaval cheirando e injetando cocaína, quase morri de overdose.

Naquela hora tive minha maior experiência com o AMOR DE DEUS.

Do momento da dor ou da quase morte, lembro da visão do Senhor Jesus que me pegava pelas mãos e me levantava daquele chão sujo de sangue e vomito... Um corpo marcado por picadas de agulhas. Um homem destruído...

Mas que ouvia:

_ “VENHA... LEVANTA... VIM  TE RESGATAR  PARA UMA NOVA VIDA... EU NÃO DESISTI DE VOCÊ.”

Como chorei...

... era EU enfrentando o meu EU.

Sentia-me um lixo...

Tão envergonhado...

A minha escolha dali pra frente era lutar, com a certeza que não lutaria sozinho.

Segurei suas mãos e não solto mais.

Também experimentei o AMOR DE FAMÍLIA.

 Meu pai que desde a adolescência tinha dificuldades de relacionamento, foi quem escolhi para pedir socorro. Engraçado como a figura paterna é importante em nossas vidas, ele é a figura da proteção.

Parecia dos filhos ser o irmão mais novo, pelas atitudes e rebeldia. Vivi tudo o que queria sem medir as conseqüências.

E naquela tempestade toda, meu irmão escreveu na tela da TV do nosso quarto:

_ “CONFIO EM VOCÊ MEU IRMÃO.”

Eramos irmãos, não amigos.

Ler aquela mensagem me dava uma injeção de força e coragem. Por várias vezes ligava e desligava a TV, só para ver aquela mensagem.

Minha mãe sempre brava e forte,  e minha amiga, acho que se sentiu a mais traída...

 Momentos tristes e difíceis para meu pai, minha mãe e meu irmão. Ninguém esperava viver essa situação.

Derrota total, vergonha, humilhação e dívidas...

Eram os frutos que estava colhendo. E, triste, por ter envolvido as três pessoas que vim a reconhecer serem as mais importantes da minha vida, PAI, MÃE E IRMÃO.

Ingênuo, achava que tinha amigos... Mas na merda você é visto com desconfiança e desprezo.

Somem os amigos, ferem os parentes...

E a grande lição da vida, que precisava descobrir, eu tenho um pai, uma mãe e um irmão que me amaram e me amam como sou ou como eu estava naquele momento. Esse amor que senti me transformou.

NÃO EXISTE VIDA SEM O AMOR DE DEUS E SEM FAMÍLIA.

 

Alguns anos depois, em 16 de fevereiro de 2002, recebia de Deus mais uma de suas promessas de restauração da minha vida, agora profissionalmente. Inaugurava a minha tão sonhada loja, a MAISON KLEBER VIEIRA, um local aconchegante destinado a moda noiva e festa.

Parecia estar tudo resolvido, mas os sonhos se renovam...

Eu queria ser pai, queria adotar uma criança, uma menina, recém nascida para se chamar MARIA JÚLIA.

Lembrei agora do despertar deste desejo.

Estava com uma amiga visitando o orfanato, novembro de 2006, aqui em Ipatinga, conhecia cada espaço daquele lugar quanto entramos no refeitório, era hora do lanche da tarde, todas as crianças estavam ali, ao sair da sala escuto um: PSIU!..  parei, estático, e continuava PSIU!... Quando voltei aquela sala,  vi a imagem que parecia ser divina, uma linda menina  deitada no banco com a mão no queixo acenava...

Todo o mundo parou naquela hora.

Fui embora, e aquela criança não saia do meu pensamento.

Dias depois voltei aquele orfanato com minha amiga, ela tinha me falado que as crianças saiam para passar as festas de natal e ano novo com  famílias que acolhessem. Fui e me cadastrei. Saí feliz, rindo atoa.

E preparei a minha casa para receber aquela criança, comprei brinquedos, DVDs ...

Sonhava com a chegada do natal, festa que não gostava.

Mas para minha tristeza, eu não consegui realizar esse sonho, não foi liberado que eu acolhesse uma criança em casa.

Juntei o sonho e os preparativos em uma caixa e guardei.

O desejo foi aumentando. Eu queria ser pai, eu queria adotar uma criança.

E no dia 27 de fevereiro de 2009, quinta-feira de carnaval, às 11 horas da manhã, eu trabalhando, recebo uma ligação que mudou a minha vida.

ERA  ANUNCIADA A CHEGADA DA MINHA MARIA JÚLIA.

E essa história feliz vocês já estão  acompanhando.

Hoje, sou pai, um homem responsável, que não tem vergonha de sua história, de seus fracassos, suas lutas e que agradece a Deus suas vitórias.

Para sempre um filho que ama muito vocês Zé Chico e Meirão ( carinho...). E um irmão, que mesmo tendo as atitudes do caçula,  te ama e te admira muito grande Zezé.

Há um ditado popular que diz:

“VOCÊ NÃO ESCOLHI A FAMÍLIA QUE NASCE...”                    

Eu não escolhi a minha, mas se tivesse a oportunidade escolheria vocês.

Somos uma família perfeita, que amo muito.

José Francisco, Meire, Nathaniel, Lilian e Victor, eu e  Maria Júlia.

Os anos vão se passando e outros fevereiros ainda virão, tendo a certeza que serão de bênçãos.